Agricultura, substantivo feminino

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O dia 8 de março celebra as mulheres e nos relembra da importância delas em nossas vidas. Na agricultura e na pecuária, duas palavras femininas, elas estão cada vez mais presentes e atuantes. Plantar, cuidar, esperar crescer e colher os frutos da Mãe Terra é uma especialidade feminina. A mulher tem a sensibilidade de saber que tudo tem seu tempo para ficar pronto. E esse olhar mais cuidadoso, menos duro e prático, faz toda a diferença na produção dos alimentos, missão do setor agropecuário.

É por isso que a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo apoiará, no dia 10, o ‘V Encontro Cana, substantivo feminino’. O evento no Centro de Cana do Instituto Agronômico (IAC) em Ribeirão Preto, principal região produtora do Estado, mostra que elas deixaram de apenas cuidar da casa e dos filhos. Passaram também a dar seu toque na produção no campo. Uma participação essencial que pode ser observada no mundo todo.

Dados da Food and Agriculture Organization (FAO), da Organização das Nações Unidas (ONU), indicam que mais da metade dos alimentos que chegam às mesas em todo o mundo são produzidos pelas mulheres, principalmente por meio da agricultura familiar.

E nas nações menos desenvolvidas, a presença delas no agronegócio é ainda mais expressiva: mais de 70% das mulheres economicamente ativas nesses países trabalham na agricultura. Na África e no Caribe, por exemplo, 80% dos trabalhos domésticos e rurais são executados pelas mulheres.

Elas produzem até 80% dos gêneros alimentícios básicos. Ressalta-se que na África, cerca de 70% de toda a mão de obra agrícola é constituída por mulheres, que produzem 90% da comida daquele continente.

No entanto, a participação da mulher nas atividades agrícolas não se limita à produção de alimentos. Além do trabalho no campo, é evidente também a atuação feminina nas diversas etapas da cadeia produtiva do agronegócio, que a cada dia fica mais receptivo a elas.

Hoje em dia é comum, felizmente, que estejam nas revendedoras de insumos dominando o assunto e repassando dicas valiosas para quem vai produzir. Ou ainda vendendo máquinas para o campo munidas de conhecimento de causa. Indo mais além, pilotando esses veículos antes dominados pelos braços masculinos.

Dirigem também os caminhões que escoam a riqueza do campo para os portos. Formam uma rede de colaboradoras que enriquece os recursos humanos do agronegócio. Tornam o setor mais humano porque mostram sua força na hora de lavrar a terra, mas sem deixar de lado a doçura na hora de cuidadosamente colocar a semente no solo.

Além de mães e chefes do lar, atuam com competência como executivas em empresas agroindustriais, docentes em cursos voltados para as atividades agropecuárias e como pesquisadoras no desenvolvimento de novas tecnologias agrícolas.

Um exemplo é a participação das mulheres na tradicional Escola Superior de Agricultura ‘Luiz de Queiroz’ (Esalq/USP), de Piracicaba. A presença feminina na Universidade já atinge, em média, 50% nos cursos de graduação, especialmente na Agronomia.

A mulher é mais sensível a certas questões e o homem mais objetivo em outras. A soma dessas qualidades é positiva e produtiva. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) tem como presidente uma mulher, Elizabeth Farina. Há 10 anos, a presença feminina na agroindústria canavieira se dava principalmente nas áreas de assistência social, laboratórios ou agrícola, com as cortadoras de cana.

Na Secretaria, nosso Instituto de Economia Agrícola (IEA) é comandado por Marli Mascarenhas e nosso Instituto de Zootecnia (IZ) por Renata Branco. Ambas provando que a capacidade de planejamento e execução não distingue gênero.

Bastaria dizer que a agricultura tem uma deusa, e não um deus. Ceres representa a fertilidade da terra e o ciclo da vida. O plantar e o nascer, o cuidar e aperfeiçoar. É uma deusa matriarcal, a imagem do poder das entranhas da terra.

Diz-se que ela ensinou aos homens as artes de arar, plantar e colher; e às mulheres, como moer o trigo e fazer o pão. Agora é a vez das mulheres ensinarem a todos que com leveza, doçura e cuidado é possível cultivar tudo com melhores resultados – e muito mais beleza.

Terra, produção, exportação, bioenergia, plantação, lavoura, colheita, adubação, mecanização, importação, balança comercial… A agricultura é feminina.

 

Arnaldo Jardim é deputado federal licenciado (PPS-SP) e secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo

Fonte: Siite oficial de Arnaldo Jardim, publicado em 03/03/2016

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