Contra a greve e contra dois pesos e duas medidas

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Nós, do Sindicato dos Empregados em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo (Sindbast), nos manifestamos favoráveis às reformas propostas pelo governo Temer por considerar que atualizam as relações trabalhistas e conferem mais liberdade aos trabalhadores.

Somos contra a cobrança compulsória do imposto sindical que confisca um dia de trabalho de maneira arbitrária sem que o cidadão possa dizer o que quer. O fim desse imposto colocará fim aos sindicatos que, nos últimos anos, apareceram às pencas apenas como um “negócio”. O mesmo vale para as entidades patronais. Acreditamos que milhares de sindicatos desaparecerão quase que imediatamente. E isso é muito bom. Que fiquem apenas aqueles que são reconhecidos pelos trabalhadores.

A greve geral proposta para o próximo dia 28 de abril é uma paralisação combinada com o locaute. O último movimento nesse sentido, bem modesto por sinal, serviu apenas de pano de fundo para um discurso do ex-presidente Lula. Não nos prestaremos a essa farsa, a essa fanfarronice! Aliás, ainda não vimos a autocrítica dos petistas em relação ao conteúdo das delações dos executivos da Odebrecht.

A Central Única dos Trabalhadores projeta mobilizar seus militantes em favor de Lula. Seus líderes não estão a serviço da classe trabalhadora de fato. Frases contra o juiz Sérgio Moro e a Operação Lava Jato, certamente, serão ouvidas nas marchas promovidas pela CUT e seus satélites. Greve, aliás, que só terá sucesso se não houver transporte, revelando uma velha tática bolchevique de paralisação.

O que acontece de fato é um paradoxo entre a CUT, agora na oposição, e a CUT subordinada aos governos petistas. Naqueles tempos, essa entidade se omitiu em vários momentos, como nas passeatas das jornadas de junho de 2013.

Por sua vez, essa e as demais centrais que agora aderem à greve geral foram incapazes de formular políticas concretas para tirar o País da crise, insistindo em retirar recursos de onde não há mais nada, como por exemplo, o imposto sindical do bolso do trabalhador. Seus representantes se enfileiraram junto àqueles que partem do pressuposto de que não há o que negociar porque o “governo Temer é golpista”.

Para nós, a forma de financiar os sindicatos deve ser uma contribuição negocial, aprovada em assembleia com legitimidade e que conste no Acordo Coletivo, a qual o trabalhador deverá decidir se a aceita ou não em sua integralidade.

Como vivemos em uma sociedade democrática, haveria espaço para discutir as reformas, fazendo-as avançar em favor dos trabalhadores. Porém, não foi esse o caminho escolhido pelas centrais sindicais, que tentaram inviabilizá-las como um todo. Essas entidades optaram pelo confronto. O resultado é uma reforma trabalhista que deve sair sem a participação das centrais de trabalhadores por opção delas próprias.

Paralelamente, queremos começar um movimento pelo fim do fundo partidário. Os trabalhadores e o povo em geral não devem ser obrigados a contribuir com partidos que surgem diariamente para viver, como um parasita, às custas dos nossos impostos, ou seja, recursos públicos que nós pagamos e que deveriam ir para saúde, educação, etc.

Na prática, a proliferação de partidos representa uma orgia para sustentar vagabundos disfarçados de políticos. O dinheiro desse fundo, conforme noticiado pelos jornais, é usado para o custeio de diversas mordomias, como andar de jatinho para lá e para cá, entre outras.

Assim, como os sindicatos devem depender apenas dos recursos espontâneos de seus filiados, os partidos também devem funcionar apenas com recursos voluntários daqueles que lhes têm simpatia. Da forma que está, o povo tem sido obrigado a financiar partidos que notoriamente se envolvem nas mais diversas maracutaias. E devemos aceitar isso goela abaixo? Que aprendam a viver com pouco e se reestruturem. Essa era do dinheiro fácil e compulsório tem de acabar!

Montar partido, assim como montar sindicato, virou um negócio para enriquecer espertalhões. Por isso, apoiamos as reformas! Pelo fim do imposto sindical! Pelo fim do fundo partidário!

Enilson Simões de Moura – Alemão

Vice-presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT) e presidente do Sindicato dos Empregados em Centrais de Abastecimento de Alimentos do Estado de São Paulo (Sindbast)

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